Estupro e a Responsabilidade da Igreja

06:30:00


Esse texto faz parte da série de textos de autoria do Projeto Recomeçai com o intuito de conscientizar cristãos, líderes e pastores sobre o assunto abuso sexual. Para consultar as fontes que foram usadas é só solicitar pelo comentário na postagem aqui mesmo no blog.


 Como dito no texto sobre abuso sexual, o estupro é um das qualificações para abuso sexual. Todo estupro é uma forma de abuso sexual mas nem todo abuso sexual é necessariamente um estupro.

 Segundo a legislação brasileira o estupro é qualificado por "constrangimento de outro alguém, 
mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§ 2o  Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos."


 Os procedimentos após o ocorrido incluem: B.O, encaminhamento hospitalar, exames, medicação, acompanhamento médico e exames periódicos. Todo o tratamento pode ser feito através do SUS que fornece também o tratamento psicológico e visitas mensais de agentes de saúde, de acordo com a opção da vítima de fazer esses últimos ou não.

  Para além das consequências físicas estão as consequências psicológicas que inevitavelmente existem e não têm um prazo certo para se desenvolver. Em algumas vítimas é possível observar-se a curto prazo em contrapartida, também existem vítimas que só apresentam os sintomas muitos anos depois. Por isso o tratamento psicológico é altamente recomendado dias após ocorrido mas, não deve ser imposto a vítima.

 Quando falamos de vítimas cristãs o assunto se torna um tabu, talvez pela falta de diálogo sobre sexualidade em nossas igrejas, por restringir o assunto sexual apenas a noivos ou casais casados em reuniões ocultas e escondidas da comunidade... Enfim, diversos aspectos podem ser apontados como agentes influenciadores desse problema e paradigma de nossas igrejas.

 De certo modo é compreensível essa postura da igreja mediante a casos de estupro, temos diretrizes a serem seguidas no que diz respeito ao sexo; como a prática se restringindo apenas para casais casados e praticado somente por marido e mulher que devem conservar-se virgens e puros até o dia de seu casamento.

 No entanto, o que dizer para vítimas de estupro?
 O que dizer para pessoas que tem sua virgindade e sua pureza usurpadas por desconhecidos?
 A vítima deve contar para o seu futuro marido?
 É possível restaurar a pureza?
 A vítima está casada com seu agressor?
 Como cuidar a vítima espiritualmente desviando-se de frases clichês?
 A falta de cura é falta de fé por parte da vítima?

 Dentre vários outros questionamentos e impasses que a igreja encontra em lidar com as vítimas de abuso sexual. A ignorância e o despreparo são alarmantes e até acabam calando as vítimas que por puro desespero, caem na bobagem de introduzir sangue de animais e fígado em suas genitálias para simular a virgindade no dia de seu casamento; e até em casos mais extremos pela falta de tratamento psicológico a vítima acaba por não sentir atração sexual pelo sexo oposto e até temer a prática sexual com o seu parceiro o que, inevitavelmente, pode levar a uma crise familiar.

 A igreja, como corpo de Cristo, tem como dever moral acolher e amparar verdadeiramente vítimas assim, com amor e embasamento bíblico o que é, infelizmente, muito raro no meio da igreja.

 Algumas vítimas corajosas recebem coisas como acusações de mentira, calúnia, má fama, julgamentos e suposições como "ações de demônios" quando relatam seus estupros e pedem ajuda da comunidade e por essa abordagem as vítimas são levadas a se silenciar cada vez mais e nós temos a falsa impressão que essa dura realidade atinge somente pessoas que estão fora da igreja porém, estatisticamente isso não é verdade.

 Como Igreja nós devemos nos preparar sim para acolher e amparar as vítimas de abuso sexual, sem julgamentos, questionamentos, dúvidas... Devemos estar prontos e preparados com o auxilio do Espirito Santo para acolher as vítimas desse grande mal que infelizmente é uma realidade e vai uma hora ou outra atingir alguém próximo a você.

 Pastores, líderes e cristãos: estudem, busquem e se preparem. Essa realidade pode estar debaixo do seu nariz e você nem sequer notou. 

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